Adelle Sant Anna
O ditado “ninguém nasce sabendo” é real. Adquirimos conhecimentos na medida em que testamos, erramos, testamos de novo, de novo, de novo e de novo e finalmente acertamos. Sabemos que isso é verdade quando se trata de condicionamento físico. Não é de um dia pro outro que você vai conseguir correr 40 quilômetros em uma maratona. Nesse processo tem dias em que você vai conseguir se convencer de que esse esforço vale a pena porque começou seu treino correndo 1 quilômetro e quase tendo um piripaque e que, semanas depois, você já consegue correr um 1 quilômetro e meio sem sofrer tanto.
Também faz parte do processo você ter dias em que você vai lutar contra a preguiça e vai perder: está chovendo, você está com sono, ou você simplesmente não está afim. Acontece. O importante é que você seja justo contigo e entenda que qualquer tipo de disciplina, seja física ou mental, tem altos e baixos. Enquanto seres humanos que vivem em contextos diversos e adversos, nós não temos curvas de aprendizado estáveis.
O ditado mencionado acima, sobre bebês não nascerem gênios, tem vários desdobramentos. Um deles é aquilo que a neuropedagogia tem nos ensinado: nossos cérebros têm potencial, mas precisam de estímulos. Cabe lembrar, porém, que os estímulos não afetam todos nossos cérebros do mesmo jeito. Cada cérebro, com seu próprio funcionamento, processa as informações diferentemente. Isso significa que aquele ditado continuaria sendo verdadeiro se modificássemos um pouco suas palavras para “ninguém nasce sabendo aprender”. Não existe uma fórmula de aprendizagem universal, que sirva para todo mundo. Por isso, caso você queira aprender a aprender, você deve fazer isso de um jeito que se adapte à sua agenda, à sua trajetória, aos seus objetivos, ao seu espaço e aos seus limites.
1. Re-conheça sua agenda
O primeiro passo é pensar nas condições reais em que você vive. Preparar refeições, cuidar de familiares, fazer compras, por exemplo, são compromissos tão importantes quanto estudar. Estabelecer horários fixos para todos esses compromissos pode te ajudar. Por isso, pense: Tem algum horário que pode deixar fixo para estudar? Por quantas horas semanais você consegue realmente se comprometer a estudar?
2. Re-conheça sua trajetória
Se você tem menos tempo que gostaria, lembre-se que “passos de formiguinha” continuam sendo passos. Entenda que ler 2 frases por dia, por exemplo, pode não ser o mesmo que ler um capítulo inteiro, mas é um começo. Nossa mente gosta de ser desafiada, então você aumenta sua meta gradativamente: numa semana é difícil ler 2 frases, na outra fica mais fácil e na seguinte você já decide que consegue ler 3. Se concentrar no fato de que você ainda não conseguiu atingir seu objetivo ou ficar se comparando a pessoas que não têm a mesma experiência de vida que você não vai te levar muito longe. Por isso, pense: o que tem te atrapalhado a criar uma rotina de estudos? São pensamentos, sentimentos, comportamentos, hábitos?
3. Re-conheça seus objetivos
Ter disciplina é um desafio para muitas pessoas. Essa dificuldade é ainda maior quando se vive em condições de instabilidade econômica, emocional ou social, por exemplo. Uma parte da estratégia para lidar com esses obstáculos é você se concentrar no que te motiva. Por isso, reflita sobre as seguintes questões: para que você está estudando? Quais resultados teus estudos te permitirão alcançar?
4. Re-conheça seu espaço
É bom que o lugar onde estudamos esteja em organizado, iluminado, limpo e sem distrações. Isso tudo porque a mesa cheia de papéis, o chão sujo, sem luz ou o Whatsapp apitando podem acabar te desconcentrando, e não queremos isso, né? Por isso, analise: onde você pode criar um santuário dos estudos para você, um espaço mais limpinho e tranquilo possível? Como você pode sinalizar aos teus amigos e familiares que, a não ser que tenham algum assunto urgente, a figurinha de “Bom dia” pode esperar?
5. Re-conheça seus limites
Não dá pra virar um robô. Nossos cérebros não conseguem se concentrar com qualidade por períodos superiores a 90 minutos. Por isso, é importante que você descanse um pouco a cada período de estudos. Nesse descanso você pode dar uma esticada nas pernas, beber uma água, ou pensar em qualquer outra coisa diferente. Um outro tipo de descanso que é fundamental para seus estudos é o sono porque ele restaura o funcionamento dos nossos cérebros. Com isso, pense: de que jeito você conseguiria manter o controle sobre o tempo em que está estudando sem se distrair antes da hora? Você tem alguma ferramenta para isso além do seu celular? Você consegue dormir bem? Se não, o que você acha que está te atrapalhando e o que você acha que poderia fazer sobre isso?
6. Conheça métodos de estudos
Muitas pessoas estão tentando desenvolver técnicas para estudar. Você não está sozinho nessa. Isso é bom porque tem uma quantidade infinita de métodos de estudos para você testar e encontrar um que dê certo para você. Pesquise pelo menos duas das técnicas “Pomodoro”, “Mapas mentais”, “Leitura Ativa”, “Revisões Espaçadas”, “Mnemônicos”, “Técnica Feynmann”, “Método Cornell”, “Teoria Hebbiana”, “Método de Loci”, “Método Leitner”, “Aprendizado multisensorial”. Por qual das duas técnicas que você pesquisou você acha que pode começar?
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